09/12/2011

Primeiro shopping muda cenário econômico do Acre

São Paulo - Às vésperas do Natal, os moradores de Rio Branco poderão, pela primeira vez, escolher entre fazer suas compras nas tradicionais lojas de rua ou no conforto de um shopping center. Foi apenas há um mês que o Acre, no ponto extremo do Brasil, ganhou seu primeiro shopping.
Reflexo do contínuo desenvolvimento econômico de Rio Branco, que reúne quase metade da população do Estado -um dos menos povoados do país-, o Via Verde Shopping recebeu investimentos da ordem de 150 milhões de reais e, ao gerar 2.200 empregos diretos, passou a ser o maior empregador privado do Acre.
O montante investido era o mesmo previsto inicialmente em vendas para o primeiro ano de operação do shopping. A estimativa foi elevada para 200 milhões de reais, após desempenho visto no primeiro mês, quando o público foi de 400 mil pessoas, número bem acima do esperado. Em novembro, o faturamento foi de 10 milhões de reais, montante que deve dobrar no último mês do ano.
"Na rua as lojas são muito espalhadas, aqui tem tudo junto. A gente anda menos sem passar calor", disse o músico Renato Melo, acompanhado da manicure Ivone da Silva, que acrescentou: "é muito bom o conforto e o ar condicionado".
Com 138 lojas e um hipermercado, o Via Verde é um shopping térreo em uma área de 120 mil metros quadrados em uma localidade ainda pouco explorada da capital acreana, cercada de vegetação e terrenos disponíveis.
O Estado espera um aumento significativo na arrecadação fiscal graças ao shopping, que deve ter todas as lojas em operação em janeiro.

"As condições econômicas do Acre ganharam fôlego na última década. Com o shopping, a economia do Estado está integrada pela primeira vez", disse à Reuters o secretário de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio do Acre, Edvaldo Magalhães (PCdoB).
Vetor de crescimento
O governo estadual e a prefeitura da capital se encarregaram de criar a infraestrutura no entorno do empreendimento. O local não tinha, por exemplo, rede de esgoto.
Agora, a área do Via Verde pode se tornar o vetor de crescimento de Rio Branco. O Carrefour, por exemplo, instalará sua primeira loja no Acre (sob a bandeira Atacadão) em um terreno que acabou de adquirir naquela região. O governo estadual, por sua vez, está levando alguns dos prédios de órgãos públicos para as redondezas do shopping.
"Além de garantir uma opção a mais para os consumidores, (o shopping) puxou outros serviços e ocupou o espaço da carência de lazer na cidade", acrescentou o secretário.
A carioca Landis Shopping Centers, operadora responsável pela construção e administração do Via Verde, começou a "olhar" o Acre há cerca de seis anos. Rio Branco era uma das potenciais cidades para abrigar o primeiro empreendimento do grupo na região Norte.
Não fosse a crise econômica mundial em 2008, que travou os investimentos e projetos de forma generalizada, o Acre teria recebido seu primeiro shopping dois anos antes.
"Além da demanda, um fator preponderante para instalar um shopping é ter investidores dispostos a apostar nesses mercados", disse o presidente da Landis, Dorival Regini. "Há dez anos, ninguém queria investir em imóvel, que era sinônimo de baixo retorno. Com mais disponibilidade de recursos, os investidores passaram a buscar mais oportunidades."
A Landis tem como sócios no Via Verde a gestora de fundos Prosperitas, a consultoria e gestora de recursos Bicar e a empresa do segmento imobiliário LGR.
Mudança de hábito
O shopping pode ser responsável por uma mudança radical no comportamento do consumidor, que costumava ir às compras em Cobija, na Bolívia, fronteira com a cidade acreana de Brasileia, em busca de eletrônicos, roupas e brinquedos mais baratos por praticamente não haver incidência de impostos.
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